Especialista em Comunicação Social e graduando em psicologia
**Vice-presidente do Solidariedade/Poços de Caldas
Redes Sociais @sennaconversa
O cenário político nacional passou por uma profunda transformação nos últimos anos, impulsionada pelo poder arrebatador das narrativas. Conceitos aparentemente sólidos como “direita” e “esquerda”, antes nebulosos, ganharam contornos bem delineados na batalha discursiva pela opinião pública – um processo que podemos chamar de “disputa de narrativas” na esfera social.
Essa reconfiguração ideológica teve suas raízes nos escândalos de corrupção que abalaram o Partido dos Trabalhadores. Porém, não parou por aí. O próprio PT vinha se reposicionando, abraçando pautas progressistas, minorias e uma agenda mais à esquerda no campo dos costumes — um distanciamento de suas origens sindicalistas.
Foi nesse ambiente simbólico em transformação que o ideário de direita encontrou terreno fértil para disseminar suas narrativas e visões de mundo. Capitaneada pela Operação Lava Jato contra a “velha política”, a direita soube se projetar como a “nova alternativa”, a ruptura com um sistema corroído. Seus valores de individualismo, meritocracia e conservadorismo moral foram habilmente propagados como o caminho da “renovação” tão almejada.
Nesse tabuleiro político em ebulição, era preciso moldar narrativas cativantes para conquistar não apenas os desiludidos com o establishment, mas também os segmentos mais tradicionais. O pacote discursivo “combate à corrupção + ordem + família” seduziu desde jovens desgarrados até matronas dos círculos religiosos mais conservadores.
Essas narrativas, no entanto, não surgem do nada. Elas refletem as relações de poder e os interesses dos grupos dominantes na sociedade. Como bem apontado por teóricos, determinados discursos servem para perpetuar e legitimar as estruturas vigentes, favorecendo a manutenção do status quo ou a ascensão de novos grupos hegemônicos ao poder. Por isso, uma análise crítica sobre quem produz e propaga essas narrativas são fundamentais para entender as verdadeiras dinâmicas sociais por trás delas.
O Jogo Mutante das Ideologias
O antropólogo Clifford Geertz nos lembra que as ideologias são sistemas simbólicos que dão sentido e orientação às pessoas em uma sociedade. No entanto, elas não são verdades esculpidas em pedra. Muito pelo contrário, as ideologias são dinâmicas, constantemente reinterpretadas e remoldadas.
Essa natureza fluida e constantemente contestada das ideias políticas e sociais é fundamental para compreendermos os movimentos da sociedade. As ideologias não são dogmas universais, mas construções culturais que refletem os valores, interesses e relações de poder presentes em cada comunidade.
À medida que as circunstâncias sociais se transformam e novos desafios emergem, as ideologias passam por constantes reavaliações e novas interpretações por parte dos diferentes grupos da sociedade. Esse processo de ressignificação pode desencadear mudanças profundas nas percepções e práticas sociais vigentes, desafiando normas estabelecidas e abrindo caminho para novas formas de pensar e agir.
Por isso, para construirmos sociedades verdadeiramente justas, democráticas e resilientes diante dos desafios contemporâneos, é imprescindível promovermos um diálogo aberto e inclusivo. Um espaço onde diferentes perspectivas possam ser consideradas e debatidas, permitindo que as ideologias se reinventem e se adaptem às complexas realidades do nosso tempo.
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